Viemos
por meio desta, declarar que condenamos qualquer forma de preconceito racial,
pois entendemos que esta ideologia encontra-se inserida na sociedade caracterizada
como imaculada, branca e cristã há cerca de quinhentos anos. As senhorias negavam
veementemente que não existia racismo no Brasil, entretanto, desde a época do
descobrimento até a conjuntura contemporânea assistimos passivamente várias
formas de manifestações racistas, que ao serem deflagradas são justificadas como
atitudes socialmente construídas e culturalmente arraigaram costumes, meios, modos
de falar e agir, um exemplo que podemos apontar é o fato de verbalizar em diversas
situações do cotidiano os sinônimos: “humor negro, vala negra, ovelha negra,
nuvem negra, dentre outras” que deturpam e associam o fato de que tudo o que é
negro/a é ruim, internalizando e naturalizando a expressão concreta do racismo.
Por isso, combatemos qualquer forma de preconceito.
A
fim de entendermos o que de fato significa a terminologia “racismo”, buscamos
na fundamentação de Bernard (1994, p.11) tal discussão, para tanta, a mesma
elucida que esta é uma “teoria que sustenta a superioridade de certas raças em
relação às outras, preconizando ou não a segregação racial ou até mesmo a
extinção de determinadas minorias”, outra definição diz que: “O racismo é um
preconceito contra um "grupo racial", geralmente diferente daquele a
que pertence o sujeito, e, como tal, é uma atitude subjetiva gerada por uma sequência
de mecanismos sociais”.
A
partir dessas concepções, entendemos que as ideias de caracterizar a sociedade
brasileira a raça pura e ariana associaram os negros /as e outras minorias ao
patamar inferior e a marginalidade que se objetivaram desde o advento do
descobrimento e perpassaram instituindo através da mídia, ciência, cultura,
política, dentre outras formas de relações. Assim, abordar essa temática em uma
sociedade assentada no sistema capitalista no qual o padrão em suas mais
diversas relações é constituído por brancos/as, traz aos negros/as uma demanda
no que diz respeito a sua cultura, a construção subjetividade e ao
reconhecimento pelos próprios negros em se reconhecerem como tal e não
reproduzir o próprio racismo.
Visando
obter visibilidade e reconhecimento os movimentos sociais deste segmento, lutam
em prol de uma construção de identidade a fim de resgatar valores, costumes e crenças
que foram “reprimidos” desde a escravidão. Esses mesmos negros/as ajudaram no
desenvolvimento e na construção do Brasil, entretanto, o que predominou na
sociedade foi às identidades da classe dominante, caracterizando um padrão de
beleza europeu, esguio/a, magro/a, louro/a sarado/a, ignorando expressivamente
que nós negros/as temos uma estrutura corpórea diferente, que não necessitamos
de plásticas, que somos mulheres e homens grandes e nossos cabelos crespos[1] crescem para cima e
podemos fazer o que quisermos com ele. Combatemos qualquer propaganda que afirma
a ideia de que a mulher e homem negro têm que ser “quente”. Por isso, aplicamos
uma nova terminologia: “enegrecer” (que é o contrário de clarear) nosso povo, é
um dos caminhos que possibilita o fomento de informações sobre a cultura e os direitos
básicos.
A constituição
Federal de 1988, diz que “todos são iguais perante a lei” (art.5º), entretanto,
a característica do individuo suspeito para a polícia é o “preto, pobre e
bandido”, o grande quantitativo de presidiários constitui-se desse segmento, no
mercado, por exemplo, a desigualdade está intrinsecamente relacionada a cor,
pois a mulher branca ganha menos que os homens, porém as negras ganham menos
ainda. Por isso, é preciso muito mais que reflexão para mudar essa ordem, é
preciso acabar com tal ideologia, e fazer com que a desigualdade social seja o
fundamento do capitalismo e que consigamos atingir o estágio revolucionário
respeitando gênero, identidade etnia, raça, dentre outros.
Por
isso, Enegreça Irmãos / as
[1]
Não existe
cabelo duro, pois contrário de duro é mole, acreditamos que não existe cabelo mole.
Esse texto foi feito para jornal da Secretaria Nacional de Casas Estudantis
[ esta ideologia encontra-se inserida na sociedade caracterizada como imaculada, branca e cristã há cerca de quinhentos anos] sabia que ideologia da desgraça, como é racismo, tem métodos e parâmetros que tendem fazer o seguinte: os seus óbvios propagadores quase não carregam especialmente o que a faz mais eficientes, posto que, pregam nas costas dos menos suspeitos. E por uma razão simples: a desgraça fica mais eficiente quanto as suas vítimas colaboram. Há branco racista? Sim e é triste um ser humando racista. Mas, negro racista e/ou apoiando processos que no final das contas fomenta mais racismo, embora travestido de bondade, é o mais triste.
ResponderExcluirUm caso desse é o seguinte: a escravidão foi abominável contra todos, mas mulher sofreu muito mais. Pois, não era só escrava para o labor, mas também sexual. Quando tinha dos seus rebentos, nem amamentar esses direito podia para ceder leite para os filhos de sinhazinhas que não queria amentar para os seios ficarem em estado de graça. Ante tudo isso, numa comissão de cota em universidade pública se lembrou de subcota para mulheres, bem mesmo naquelas em que até a maioria dos componentes eram mulheres. Olha só que incrível: essas mesmas não deixaram de lembrar de branco pobre da rede pública.
E agora veja se consegues fazer um reflexão capaz de explicar o seguinte: estamos num sociedade racisata e essa nem seria se universidade pública não fosse fonte central geradora e formadoras disto e, entretanto, conselho universitário se reune e numa semana, sem quase nenhuma polêmica, aprova cota. Por quê?
Eu li reli seu comentário vou tentar refletir o que você tentou problematizar...
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